Um texto do Carlos Alberto Faraco sobre Língua e Linguagem. Clique Aqui.

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“Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que precede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão de um em relação ao outro, Através da palavra, defino-me em relação ao outro. A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros”. Mikhail Bakhtin, do livro Marxismo e Filosofia da Linguagem.

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Sapatos

“Os sapatos ficam entre os pés
e o chão, no que são como as
palavras. As meias entre os pés
e os sapatos, como os adjetivos.
Os verbos, passos. Cadarços, laços.
Os pés caminham lado a lado,
calçados. Sapatos são calçados.
Porque são e porque são usados.
Palavras são pedaços. Os pés
descalços camimham calados.”

Arnaldo Antunes, do livro 2 ou + corpos no mesmo espaço.

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Uma conversa com José Castello sobre literatura

http://www.youtube.com/watch?v=WBo1jJiyB6c

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Como é que chama o nome disso?

http://www.youtube.com/watch?v=jsnOsyYPZxE

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Conto do Mia Couto

O menino que fazia versos (Mia Couto)*

Ele escreve versos!

Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha.

– Há antecedentes na família ?
– Desculpe, doutor ?

O médico destrocou-se por tintins, Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores, interpretava chaparias. Tratava-a bem, nunca lhe batera mas a doçura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de núpcias:

– Serafina, você hoje cheira a óleo Castrol.

Ela hoje até se comove com a comparação. Sim, perfume de igual qualidade qual outra mulher pode sequer sonhar ? Pobres que fossem os dias, para ela, tinham sido lua-de-mel. Para ele, período de rodagem. O filho fora confeccionado nesses namoros de unha suja, restos de combustível manchando o lençol. E oleosas confissões de amor.
Tudo corria sem mais, a oficina mal dava para o pão e a escola do miúdo. Mas eis que começam a aparecer, pelos recantos da casa, papeis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, a autoria do feito.

– São meus versos, sim.

O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais, perigosos contágios, más companhias. Pois o rapaz, em vez de se lançar no esfrega-refrega com as meninas se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O que se passava: mariquice intelectual ? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem se queda em ponto morto ?
Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu: então, ele que fosse examinado.

– O médico que faça revisão geral, parte mecânica, parte eléctrica.

Queria tudo. Que se afinasse o sangue, calibrasse os pulmões, e sobretudo lhe espreitassem o nível do óleo na figadeira. Houvesse que pagar por sobressalentes, não importava. O que urgia era por cobro àquela vergonha familiar.
Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava já a receita para poupança de tempo. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:

– Dói-te alguma coisa ?
– Dói-me a vida, doutor.

O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Já Dona Serafina aproveitava o momento: está a ver, doutor ? Está ver ? O médico voltou a erguer o olhos e a enfrentar o miúdo:

– E o que fazes quando te assaltam essas dores ?
– O que melhor sei fazer, excelência, é sonhar.

Serafina voltou à carga e sapateou a nuca do filho. Não lembrava o que pai lhe dissera sobre os sonhos ? Que fosse sonhar longe ! Mas o filho reagiu: longe, porquê ? Perto, o sonho aleijaria alguém ? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o braço da mãe.
O médico estranhou o riso. Custava a crer, visto a idade. Mas o moço, voz tímida, foi-se anunciando. Que ele, modéstia apartada, já inventara sonhos desses que já nem há, só no antigamente, coisa de bradar à terra. Exemplificaria, para melhor crença. Mas nem chegou a começar. O doutor o interrompeu:

– Não tenho tempo, moço, isto aqui não é nenhuma clínica psiquiátrica.

A mãe, em desespero, pediu clemência. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito, o médico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. A mãe que viesse na próxima semana. E trouxesse o paciente.
Na semana seguinte foram os últimos a serem atendidos. O médico, sisudo, taciturneou: o miúdo não teria, por acaso, mais versos ? O menino não entendeu.

– Não continuas a escrever ?
– Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho esse pedaço de vida – disse, apontando um novo caderninho – quase a meio.

O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo era mais grave do que se poderia pensar. O menino carecia de internamento urgente.

– Não temos dinheiro, fungou a mãe entre soluços.
– Não importa, respondeu o doutor.

Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clínica que o menino seria sujeito a devido tratamento.

Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico. Manhãs e tardes ele se senta num recanto do quarto de internamento do menino. Quem passa pode escutar a voz pausada do filho do mecânico que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração.

*O Mia Couto é aquele escritor moçambicano que aparece no documentário que vimos na aula passada: Língua, vidas em português.

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sob o peso dos meus amores

O Leonilson é um artista plástico brasileiro (já falecido) que tinha um trabalho muito forte com a palavra (bordados, pinturas, desenhos). Quem foi na Bienal viu alguns trabalhos dele. O Itáu Cultural (SP) está com uma exposição bem completa sobre o trabalho do artista. Eles criaram um site muito legal, com várias imagens, depoimentos do próprio Leonilson e de amigos. Além disso, o site é lindo.

Acessem:
Site da Exposição do Leonilson, no Itaú Cultural.

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Alguns sites e blogs de literatura

http://acasoacontece.wordpress.com/

http://www.fotocuento.com/

http://samizdat.cc/cyoa/

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ta te ti to tu
ja je ji jo ju
la le li lo lu

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POEMAS DADAS

parlamentar presidente relativos
cúmplice ontem, ideológico assumir
ontem batalhão homicídio Jason que
operação não inquérito, montar das

(Glaydson de Souza)

Fatídico
vida
jovem
vida
de
fácil
ao lado
conquistou
a procura
triste
muitas
sempre
elaborando
pedaço
da ausência
porém,
bravo
(Daniel Galo)

Hiroshima
de
amour
nome
rosa
mon
do karaokê
o
maior
claro
a
bidê
do,
invenção
depois
mundo
da

(Thaís Guimarães)

Nunca morto viajaram desaparecidos Henrique
morreu com que certeza ficha mesmo
vezes mortos Brasil constavam estavam
DA certeza Aí caiu já várias Foram
MORTE acho todas minha ter Henrique
Desde então pessoas feitas Mais Brasil

(Jéssica Fernanda)

arquirrivais
chamadas
invasão
marcela
conteúdo
protesto
perigosa
cerimônia
sexo
original
é
amor
diferentes
mulheres
paixão

(Maxewell Vilela)

Poema Sonoro

ed-es on o-nat ahn (snifnoc) eres euq ad- ame

endaira ed an adailbuquer alieuq – ea

oderc latide omixan sarbo oacaticil anam

seven sad atropos lanaicanretin oailpma

(Bruno Lima)

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